01 fevereiro 2007

anda daí, vamos ao chiado

quando ouvimos a música colada aos ouvidos (como quando estamos, tontas, na fnac, como se não houvesse gente à volta, como se a gente em volta não nos ouvisse desafinar ou visse dançar a descompasso), a música soa-nos muito mais dentro da cabeça, ouvimos notas que doutra forma não estariam ali, e, ao mesmo tempo, embora não ouçamos nada mais que a música, parece que damos mais atenção ao que estamos a fazer (ou a não fazer). é como se calásssemos as vozes dentro da cabeça, que nos distraem do que escrevemos no piano desafinado que nos suporta as fúrias e as doçuras dos recados.

oiço andrés márquez, que fora uma ou outra música que podia ser de elevador ou de série menor da televisão, tem conseguido manter-me presa há vários dias. no outro dia dei por mim a escrevinhar no cantinho tímido dos rascunhos impressos das peças que escrevo, a play list que andei a ouvir enquanto escrevia. como se pudesse explicar alguma coisa, como se a inspiração ou o erro maior pudesse vir dali, do que se ouve enquanto se pensa e se escreve. (como se não fosse no silêncio do sono, do dealbar da manhã ou da escuridão da noite que tudo se torna claro, transparente.como se não fosse na ausência de tudo que se dão todos os laços clarificadores).

obrigada,menina dos cabelos azeviche,por todas as caixinhas que pousaste no meu colo,ainda é aí que as trago.

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