14 maio 2016

saltos altos

é raro pôr um par de saltos :pu-los no funeral do meu pai, tal como o vira pôr gravata no funeral dos meus avós, ele que deixara de as usar a 26 de abril de 74; pu-los no casamento da minha amiga mais alta mas nem assim lhe cheguei, e pu-los duas ou três vezes nos 5 dias de férias do verão passado, umas sandálias de borracha que me lembraram que havia um par de pés bonitos dentro das botas de obra que enchera de cimento e lama numa obra que eu cá sei (embora agora não se note nada, nem na obra, nem nas botas, que as lavei).
não preciso da altura que os saltos me acrescentam, nem da elegância que (não) me conferem, nem servem para me levantar a moral, nem mesmo nos dias que começam com alguém a querer-nos sentir mais baixas do que somos. a vantagem séria de um par de saltos é o facto de poderem ser um arma de arremesso ou de ataque. mas não preciso deles nos pés.

o video termina de uma forma curiosa : se tirarmos os saltos talvez possamos começar a correr. talvez seja por isso que se transmite a ideia que é importante que as mulheres usem saltos em nome da elegância, quando afinal talvez objectivo seja o de as fazerem correrem menos, seja quando fogem, seja quando perseguem quem que fugir.

não quero que o momento alto dos meus dias seja aquele em que desço de um par de saltos que me aperta os pés e me constrange a voz. deve ser por isso que mesmo que só queira, de momento, andar, traga sempre nos pés sapatos, botas ou sapatilhas com que posso deitar a correr : a correr daqui para fora, a fazer correr na minha frente quem, nem com saltos, fique crescido, a fugir de quem por muito que corra nunca na vida me apanhará.


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