01 junho 2005

estar por dentro

a propósito das confidências de uma mulher trigueira, de fibra, lembrei-me de uma conversa antiga, em que alguém dizia que não tinha saudades, que não se sentia longe, que mais do que por perto,se sentia por dentro.

ainda que partilhe desse estar por dentro e traga também eu no coração,na cabeça e na alma quem quero bem, sou acometida, não raras vezes, da vontade de ser como os demais e de assim de ter ao alcance de uma mão estendida ou travessa, do outro lado da porta,ao fim da rua, já quase no mar, quem me traz a respirar. ou a engolir água na piscina, a escrever a desoras, a insistir quando todos foram jantar ou dormir.

à medida que os dias passam e as noites são todas iguais e acordam sempre doridas de mais uma noite no sofá,onde a solidão se estreita tanto que quase desaparece,cada vez mais queria ser uma pessoa normal, que se excede,que exige,que diz "chega de saudade" e mete pés ao caminho e diz que quer estar por perto,tão perto que possa acertar a cadência do respirar,tão por dentro que consiga marcar o compasso de sístoles e diástoles.


"i've got you under my skin", diana krall.

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