10 outubro 2007

ir à janela

sabe, suspeito que, também como faíza hayat, se perde à janela a sonhar ir na pessoa dos outros às suas hortas ou aos seus jardins ou aos seus infernos.eu perco.eu não me faço de vulnerável,eu sou.mas tal não significa que também essa vulnerabilidade não seja a minha força.tenho sempre presente aquela frase daquele filme francês,"vai à luta, que os teus ossos não são de vidro."os ossos não, mas o coração é.mas é também a consciência dessa fragilidade que me faz caminhar com cuidado, como dizia mia couto a propósito de deus, que este era como um ovo : "se apertarmos com muita força, parte, se não segurarmos, cai."eu tenho-me assim, a achar que sentirmos tudo, o bom e o mal , ser emotivos e comovidos pode expor-nos mais, mas também faz de nós outra loiça, mais frágil, é certo, mas melhor. e quando cai, como no verso de pessoa, pelas escadas excessivamente abaixo, sempre é mais feliz nessa queda.um abraço emocionado por se ter lembrado de mim em frente ao tejo-mar.(se calhar, foi da maneira que fui a lisboa, não indo, por saber que me teve lá.é também boa forma de se viajar, nos olhos dos outros).

revista pública, crónica de faíza hayat, este último domingo.

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