19 março 2007

"eu hei-de amar uma pedra"


o sr. lobo aparecia no jornal do dia a seguir à atribuição do prémio camões, com a mesma fotografia de antes, em que uma fotografia sua lhe servira para esconder a cara, que então também não quisera mostrar.e nem então soubemos se a cara escondida seria parecida com a cara da sua fotografia,que lhe servia de máscara. é estranho, uma fotografia nossa ser a nossa própria mentira ou esconderijo. mente mais ainda esta fotografia hoje? ou está mais próxima da cara que ele tem?
e depois as fotografias no ipsilon, sobre os escritores fotografados pelo daniel mordzinski.
e as fotografias de joão onofre, no babelia do el país deste sábado, comprado a tempo, em que os coveiros dos cemitérios de lisboa apareciam em grupo, todos com óculos de sol idênticos, todos a sorrirem ao fotógrafo e também aos vivos que eles esperam,como se sorrissem aos que vão enterrar, desde que escondidos os olhos, sorri-se a toda a gente, deve ser por isso que se lança mão dos óculos de sol, pode-se rir com a boca e não rir com o olhar.
e a entrevista de philip roth no público, em que diz que não gostem que o fotografem e faz deliberadamente cara de mau. teria o jornal adivinhado que eu acabara de ler, meia hora antes, o livro que trazia morte para perto e a empurrava, no mesmo golpe, para longe, com uma energia (inesperada?) num animal moribundo? deposi de lido o livro, o frio cá dentro era tanto, que me quis enrolar no jornal, à falta do abraço.
depois dei por mim a desenhar as fotografias que faria para legendar as frases que trago sublinhadas nos livros que leio eque me revolvem por dentro, escritas em cadernos variados acumulados na mesa de cabeceira do lado esquerdo e livre da cama vasta ou a flutuar na minha cabeça (pousada na almofada há horas, ainda sem dormir e que esqueço antes de conseguir reunir forças para alcançar a luz, o papel e a caneta, rede de borboletas para quem quer aprisionar o que traz à solta dentro de si).
sonny stitt.pedra do cemitério das traseiras do norte shopping.o animal moribundo, de philip roth, edições d.quixote.rosa escura.

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