16 maio 2005

"the one who seeks, finds"

recuperei o livro que julgara ter perdido.dei com ele dentro de um saco,na mala do carro.encontrei-o quando andava à procura de outra coisa,como quase tudo na minha vida.estranhei que não tivesse dito nada, sendo que me ouviu a falar sozinha, a queixar-me do desencontro.

agora que o livro voltou às minhas mãos,adio a sua leitura, porque temo não te encontrar na esquina do meu sofá.



the boatman's call, nick cave and the bad seeds

11 maio 2005

será preciso?

será preciso que a terra trema,que os sotãos desçam até à cave (como naquele livro que comecei a ler e que, triste, admito que não sei onde o perdi),será preciso isso para ficar perto de ti, perto o suficiente para saber qual é a cor exacta dos teus olhos,para sentir a maciez do teu cabelo e a aspereza da tua barba mal escanhoada?,mais por preguiça que por falta de destreza?

escolhi o livro que perdi pelo maremoto da capa,a lembrar o postal colado nos azulejos da banheira,"le grand amour fou m'emporte comme une vague".
e escolhi-o pelo título, por ter concordado com ele.porque é possível estar-se por dentro de alguém, acertar as síncopes do coração,respirar-se ao mesmo tempo,constatar-se o carácter gémeo das almas e concluir-se pela eternidade do amor, mesmo antes, muito antes, da rendenção a um beijo,breve,como são todos os dados a medo, na estreia,como que a aferir da devolução.

vou ver se encontro o livro,certamente enfiado no meio de algum processo,entalado entre jornais da semana passada,protegido debaixo de alguma almofada que se queixa da ausência da minha cabeça pousada em sossego.vou lê-lo num folêgo para atalhar a espera e ver se estás lá,na outra esquina do sofá,quando o livro terminar.


"nem tudo começa num beijo",jorge araújo e pedro sousa pereira, oficina do livro.