28 outubro 2014

aos livros, somá-los para ser uma mulher inteira

http://p3.publico.pt/cultura/livros/14282/um-livro-so-nos-soma

muito bonito (muito também assim comigo). curioso que a minha irmã mais velha seja a das letras, a mais nova a dos desenhos, e eu seja aquela que se refugia na fotografia por não saber desenhar e na leitura pelo menor talento em escrever. irmãos do meio são assim, nem a piada dos caçulas nem a seriedade dos crescidos, mas sempre cheios de expedientes e de livros, sim, muitos livros, lidos compulsivamente. os últimos? "contos", de dorothy parker, "lei seca" e "a vida dos outros", de pedro mexia, " as pessoas felizes", de agustina, " os enamoramentos", de javier marías. os livros que li são uma grande parte do que sou, talvez a melhor, como diz a senhora que assina o artigo. as mais das vezes, a melhor parte porque sou tudo o que quero ser pelo que leio, porque dentro de muitos livros me sinto em casa, porque os livros e o que há dentro deles sempre nos espera e a eles regressamos mil vezes, mesmo sem os abrir. estão sempre do lado de dentro, do lado de fora, em todo o lado.onde quer que vá, há uma biblioteca inteira que me arde ou que me chove por dentro, mas que faz de mim terra fértil para o que vier. sim, é pelos livros. "na realidade, só existem os livros."

13 outubro 2014

agustina, "pensadora entre as coisas pensadas".

teria perguntado muito mais aqui, e também no congresso de amanhã e depois na FCG. mas lendo a entrevista (mais pelas respostas que pelas perguntas), percebo o quanto seria mulher cheia de sorte por poder sentar-me a tomar um chá na sala de agustina, só a ouvi-la rir do que lhe diria, a rir-me eu do que me respondesse. sim, todos devem ler agustina, e as mulheres duas vezes, apenas para reterem reter mais - quem lê "a ronda da noite", " a alma dos ricos", " as pessoas felizes", " a sibila", "contemplação carinhosa da angústia" ou "longos dias têm cem anos" anda na vida por outra mão e quer pousar os pés alhures. quando me dizem que pensando menos e consumindo-me mais com vestidos e menos análises, era mais feliz, sorrio e deixo-mo ser assaltada por meia dúzia de frases, bocados inteiros de livros, como se fossem pedaços de broa que me matassem a fome, imagens, cheiros, casas, personagens inteiros ou estalados dos livros desta senhora e defendo-me, e respondo, de uma forma audível"como se conseguisse deixar de pensar e de escrever - podia ser mais feliz,mas não era a mesma coisa." ainda assim, agustina gostava de vestidos.

 http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-riso-de-agustina-1672266
http://www.gulbenkian.pt/Institucional/pt/Agenda/Eventos/Evento?a=4894