13 outubro 2007

rsp5












"vermelho ainda é a côr da paixão", já nem sei se li de outros, se escrevi meu.
punha o vermelho na parede da direita, para quem entra, e na do fundo e dobrando ainda na banheira, invadindo a esquerda.e depois o branco ou o beige à esquerda e na da entrada.
demoram 30 dias a chegar, preveniram-me, durante esse tempo a casa-de-banho terá a rudeza das paredes antes de o azulejo se lhe encostar para sempre, responderei eu,disposta a até lá viver em obra inacabada.ou então nada disto e lá regressamos outra vez ao cinca branco mate 20 por 20. mas preferir o cómodo ao que se quer mesmo muito, mesmo que suportando a amargura ou a precaridade também não é meu forte. e eu tenho um sério fraco por este vermelho.se alguma vez pensaria que ter toda a liberdade para traçar the thin red line pudesse vir a dar tanta incapacidade de decidir.é-me sempre mais fácil escrever na vida dos outros, mas já é tempo de riscar na minha. e gostar do risco no chão, na parede, no papel, na alma, no coração.

http://www.viuvalamego.com/vl_ns.html.azulejo lastra avl vermelho T1 ao lado de azulejo lastra avl branco T.lápis viarco n.º 2. jardins do palácio do freixo. pão com marmelada fresca.jornal de ontem.rádio clube.

10 outubro 2007

ir à janela

sabe, suspeito que, também como faíza hayat, se perde à janela a sonhar ir na pessoa dos outros às suas hortas ou aos seus jardins ou aos seus infernos.eu perco.eu não me faço de vulnerável,eu sou.mas tal não significa que também essa vulnerabilidade não seja a minha força.tenho sempre presente aquela frase daquele filme francês,"vai à luta, que os teus ossos não são de vidro."os ossos não, mas o coração é.mas é também a consciência dessa fragilidade que me faz caminhar com cuidado, como dizia mia couto a propósito de deus, que este era como um ovo : "se apertarmos com muita força, parte, se não segurarmos, cai."eu tenho-me assim, a achar que sentirmos tudo, o bom e o mal , ser emotivos e comovidos pode expor-nos mais, mas também faz de nós outra loiça, mais frágil, é certo, mas melhor. e quando cai, como no verso de pessoa, pelas escadas excessivamente abaixo, sempre é mais feliz nessa queda.um abraço emocionado por se ter lembrado de mim em frente ao tejo-mar.(se calhar, foi da maneira que fui a lisboa, não indo, por saber que me teve lá.é também boa forma de se viajar, nos olhos dos outros).

revista pública, crónica de faíza hayat, este último domingo.