19 março 2015

casa dos livres, pelos livros



ser-se capaz de um sorriso e de um abraço assim, mesmo nos piores dias, é lição séria que guardo para uma vida inteira.nunca percebera antes o que é a saudade poder crescer todos os dias.mas, à medida que conto anos depois da tua ida, percebo o que me diziam antes, pessoas e livros. sabes, pai, os livros tomaram a casa de assalto, dou comigo horas perdidas a ler, o dia a morrer lá fora e eu sem dar por isso,como se a vida que importasse fosse a dos livros, como só a dos livros fosse a vida que temos nas mãos. mas sei que os livros só servem para isso, para nos abrirem os olhos, pai, para os fazerem estar atentos, para podermos reconhecer do lado de fora ou nas nossas entranhas o que já lemos antes.de tanta coisa que me ensinaste, ou que me fizeste aprender por mim, foi o amor aos livros, pai, que mais se nota. mas só noto eu, só eu sei , de cada vez que trago mais um livro para casa, o quanto cumpro e continuo, de alguma forma, o teu legado.já mais tardou para me pôr largos dias na alheta para sul para conseguir parar para pensar, depois parar de pensar e deitar-me a escrever. casa dos livros, casa dos livres. notar-se-á na vida das pessoas? sim, fazer a boa diferença, eis o que move cada gesto, cada linha, cada verso. quem porfia sempre alcança, não é? e eu grata, pai, muito grata.

"pê de pai", planeta tangerina.
inquietação, https://www.youtube.com/watch?v=D0HPZdpoo3U